quarta-feira, 30 de abril de 2014

Pro dia nascer feliz




Pro dia nascer feliz é um documentário dirigido por João Jardim, que aborda o sistema educacional brasileiro, descrevendo realidades escolares de diferentes contextos sociais, econômicos e culturais a partir de entrevistas, mostrando o ponto de vista de diversos olhares, como da instituição, do aluno, do professor, diretor e da família.
A primeira escola foi no Nordeste brasileiro, em Manarí - PE, considerada a cidademais pobre do Brasil, onde são encontradas várias dificuldades no que diz respeito a estrutura, salário de professor. Lá não possui ensino médio, os alunos viajam horas em um ônibus que não dispõe de assentos para todos os estudantes, sem segurança. Chegando lá, muitos alunos vão apenas para se divertir e não para a finalidade principal que é estudar. Em meio a tantos problemas, ainda é possível encontrar Valéria,  uma poetisa de muito talento, mas que não tem apoio por parte de seus professores que acham que suas poesias são um plágio, até porque a realidade daquele lugar leva-os a não encontram estímulos pra escrever ou até mesmo ensinar.
No decorrer do longa-metragem, o autor também nos apresenta outras escolas em outras cidades como Rio de Janeiro e São Paulo, onde os alunos têm até uma estrutura um pouco melhor, mas que ainda não deixa de ser precária, pois ainda encontram problemas, como tráfico, drogas, crimes, violência, medo, professores que também não tem estímulos e sofrem com medo de seus próprios alunos, educadores que muitas vezes são xingados e encarados como próprios inimigos pelos alunos e que sem saber como resolver tantos problemas.
O documentário ainda retrata é a aprovação automática, onde os professores no final do ano, no momento do conselho de classe, resolvem passar o estudante sem condições apropriadas, por seus motivos, mas que não justificam a ação.
Por outro lado, o autor nos apresenta o Colégio Santa Cruz, um colégio particular, onde o autor demonstra o abismo existente entre as escolas públicas e privadas e a relação do adolescente com a escola focando a desigualdade social e a banalização da violência. Mas que também encontram problemas não estruturais, governamentais ou funcionais, e sim psicológicos, pois são cobrados por eles mesmos, pela própria escola e pela família.
Entretanto, o que é mais relevante neste documentário é que apesar de tanta revolta, violência, indignação e autossuficiência, a maioria dos adolescentes tem em sua essência algo que lhe impulsiona a ser uma pessoa melhor, mesmo percebendo seus erros, em algum momento ela querem acertar, pois esses jovens possuem sonhos, independente do meio em que vivam. E essa esperança é uma luzinha no fim do túnel para nós, como futuros docentes, fazermos algo para melhorar a qualidade nesse processo ensino-aprendizagem.

PROERD

Proerd forma 535 alunos da rede municipal de ensino de Maranguape

Curso do Proerd, Programa Educacional de Resistência as Drogas e a Violência, realizado no ginásio da Escola Mário Valentim de Andrade, no bairro Parque Iracema, foi direcionada para 535 crianças de 9 a 11 anos das escolas municipais.
Durante a abertura do evento foram ressaltados os valores e a importância do curso, que ensina as crianças quanto ao perigo do uso das drogas. A Secretaria de Educação, Lindalva Carmo, parabenizou os funcionários do Ronda do Quarteirão que atuam neste projeto como educadores e lembrou que serão as crianças e jovens de hoje que, com o devido ensino, terão a base necessária para construir um futuro digno. Já o Prefeito Átila Câmara citou a importância do Proerd e sua participação ativa nas escolas por meio dos alunos e do corpo educacional, além de garantir que funcionários do município também receberão um curso de formação sobre o combate as drogas.
Alunos da Escola Rio Grande do Norte apresentaram uma paródia musical sobre combate às drogas e, em seguida, os instrutores do Proerd foram homenageados. Houve também a premiação aos alunos e professores que ganharam o concurso de redação com o tema “O que o Proerd ensina?”.

 
Disponível em:  http://www.maranguape.ce.gov.br/noticias/proerd-forma-535-alunos-da-rede-municipal-de-ensino-de-maranguape. Acesso em 30 de abril de 2014.

PNE PRA VALER!!!


O PNE e os debates sobre financiamento educacional no Brasil

Mariana Queen 

Ilustração: Vilmar Oliveira

Encontro realizado nesta terça-feira, 10 de abril, entre membros da Comissão Especial do Plano Nacional de Educação (PNE) na Câmara dos Deputados e o ministro da Fazenda, Guido Mantega, colocou novamente em debate o financiamento da Educação para os próximos anos.
Longe da pressão de entidades sociais que cobram mais recursos para a área, Mantega afirmou que o governo pretende manter no PNE um investimento direto de 7,5% do Produto Interno Bruto (PIB) em Educação a partir de 2013. A proposta é a mesma que constava no relatório do plano, muito criticado por movimentos socais ligados à área. Nele, estava colocado que o investimento total em Educação seria de 8% do PIB. Dentro desse montante entravam os 7,5% diretos já mencionados e gastos que fogem da alçada do setor público de ensino, como despesas relacionadas a bolsas de estudos e transferências ao setor privado. Contudo, a garantia do investimento direto já é um avanço.
Segundo a Agência Câmara, mais de 500 das cerca de 3 mil emendas propostas para o novo PNE no ano passado previam aumentar o financiamento para um valor equivalente a 10% do PIB. "Se o governo tivesse certeza de que 7,5% é o ideal para a área, iria à Câmara debater o assunto com a maioria que o está discutindo. Ocorreu justo o contrário, o Legislativo foi ao Executivo", explica Daniel Cara, coordenador geral da Campanha Nacional pelo Direito à Educação.
Para mensurar a diferença entre as proposta, vale destacar que, considerando o PIB brasileiro de 2011 - estimado em 4,1 trilhões de reais pelo Ministério da Fazenda -, 5,7%  (percentagem aplicada atualmente) representam 234 bilhões de reais; 7,5%, 307 bilhões e 10%, 410 bilhões para a Educação.
A demora na definição de um valor que supra todas as demandas para a melhoria do ensino brasileiro até 2020 contribui para que os problemas no setor se mantenham. Atualmente, os 5,7% do PIB direcionados à Educação não são sinônimo de qualidade, e não ajudam a mudar quadros alarmantes: mais de 730 mil crianças e jovens entre 6 e 14 anos estão fora das escolas e cerca de 15 milhões de brasileiros são analfabetos.
O processo de universalização do ensino público nacional é recente e, portanto, estamos em fase de recuperação do sistema. Nesse sentido, a necessidade de maiores gastos para chegarmos à excelência é inevitável. Para José Marcelino Rezende Pinto, professor da Universidade de São Paulo (USP), campus Ribeirão Preto, sistematizador do Custo Aluno Qualidade Inicial (CAQi), o país tem de aproveitar o momento do chamado Bônus Populacional em que se encontra. O período é marcado por uma queda da população na faixa de escolarização - entre 6 a 14 anos -, baixo número de idosos e grande população economicamente ativa.
"Com a diminuição natural no número de crianças e jovens, a pressão para a construção de novas escolas diminui e deixa o orçamento da União mais folgado para investir, por exemplo, na ampliação da jornada escolar, passando pela Educação Integral de qualidade prevista no novo PNE", explica Rezende. Sob essa perspectiva, a formação e valorização docente também podem ter mais atenção. "Se queremos melhorar o salário para valorizar o professor e, assim, garantir a qualidade do ensino, será preciso gastar gradativamente mais em Educação", completa ele.
A experiência de outros países mostra que, para conseguir um salto na qualidade, é preciso mais investimento e prioridade. Na Coreia do Sul, por exemplo, para superar a desolação pós-Guerra (1950-1953), o governo dedicou 10% de seu PIB ao ensino, durante uma década.
Instigando a reflexão entre aqueles que dizem o contrário, no fim do ano passado, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) divulgou que existem, sim, formas de aumentar substancialmente o financiamento da Educação nacional sem comprometer outros setores. Segundo o comunicado Financiamento da Educação: Necessidades e Possibilidades, as opções de ampliação do investimento podem ser de cinco tipos: tributários; rendas do pré-sal; folga fiscal; outras fontes não tributárias e de melhorias de gestão e controle social dos gastos públicos.
Entre as alternativas mais detalhadas, estão o aumento da vinculação de impostos para Educação; a possibilidade de financiamento pela ampliação das rendas do governo com o Pré-sal e criação do Fundo Social do Pré-Sal - em 2010, o governo chegou a cogitar o direcionamento 50% dos recursos do fundo para a Educação - e a criação de políticas de melhorias e recomposição do gasto público na área, visando a eficiência do investimento.

Disponível em: http://revistaescola.abril.com.br/politicas-publicas/pne-financiamento-educacional-brasil-682015.shtml. Acesso em: 30 de abril de 2014.

Comentário: 

O novo PNE apresenta dez diretrizes objetivas e 20 metas, seguidas das estratégias específicas de concretização, como universalização e ampliação do acesso e atendimento em todos os níveis educacionais, incentivo à formação inicial e continuada de professores e profissionais da educação em geral, avaliação e acompanhamento periódico e individualizado de todos os envolvidos na educação do país — estudantes, professores, profissionais, gestores e demais profissionais —, estímulo e expansão do estágio. O novo plano dá relevo à elaboração de currículos básicos e avançados em todos os níveis de ensino e à diversificação de conteúdos curriculares e prevê a correção de fluxo e o combate à defasagem idade-série. São estabelecidas metas claras para o aumento da taxa de alfabetização e da escolaridade média da população.
Foi aprovado no Congresso que o Brasil deve investir pelo menos 10% do Produto Interno Bruto (PIB) em educação em dez anos. Agora, a questão não é quanto gastar, mas como gastar, baseando-se pelos resultados. Esse investimento vai desde a ampliação de infraestrutura, com bibliotecas e laboratórios em todas as escolas, até valorização docente – que concentra a maior atenção no plano.

terça-feira, 29 de abril de 2014

É preciso inverstir!!!


Estudantes e Professores da Rede Pública do Pará reclama da Infraestrutura das Escolas




Este vídeo é uma reportagem que aborda a falta de infraestrutura nas escolas do Pará. Segundo pesquisas, melhorias na infraestrutura básica das escolas podem trazer ganhos para o aprendizado dos alunos. Uma infraestrutura adequada da escola conta com a disponibilidade de salas de aula, espaço e luminosidade suficientes, devidamente arejadas, isoladas de barulho, com mobiliário apropriado e com acesso a serviços básicos de água, esgoto e eletricidade. Além disso, quadra de esportes,  laboratórios de ciências e informática, bibliotecas e dependências adequadas para atender a estudantes com necessidades básicas.Enfim, a criança quando chega à escola, tem que ter equipamentos, conforto do ambiente para se concentrar, se dedicar aos estudos e ao aprendizado. O professor precisa de equipamento para desenvolver o trabalho dele, assim como a escola. O Brasil está passando por um momento em que é óbvio que se deve investir em educação.

quinta-feira, 24 de abril de 2014

ESCOLA SIGNIFICATIVA



A escola sem significado


Doutor em psicanálise e professor da Unesp, Fábio Villela propõe fundamentos para retomar as relações de vínculo entre alunos, professores e a instituição escolar


Juliana Holanda
As queixas são conhecidas: o aluno não tem interesse pela aula, não quer saber da escola, agride - física ou psicologicamente - o professor. O resultado é um docente estressado, que só pensa em sobreviver até o final do dia. O cenário, realidade em muitas escolas, é sintoma de uma mesma causa, na avaliação do professor e pesquisador Fábio Villela: a escola deixou de ser significativa para professores e alunos.
Fábio Villela: todo mundo está esperando as condições, mas elas nunca chegam
Doutor em psicanálise e professor de psicologia no curso de Pedagogia da Unesp Presidente Prudente há 20 anos, Fábio acredita que nenhuma teoria cognitivista ajudou "a salvar a educação nacional" porque as respostas não estão todas no cognitivismo. "Eu acho que, para fazer com que a cabeça cognitiva do aluno funcione, são mais importantes vínculo, empatia e relação. Essa é a minha hipótese." A hipótese resultou no recém-lançado livro Fundamentos da escola significativa (Edições Loyola), primeiro de uma coleção de cinco títulos, onde, juntamente com a professora de psicologia da Faculdade de Educação da Unicamp, Ana Archangelo, estão estabelecidas as bases de uma escola que seja "por um lado, extremamente importante para o aluno, e que por outro o ajude a ampliar o campo de significação das suas experiências".
Sob a forte influência da psicanálise, mas partindo do eixo escolar, os autores propõem meios para que o professor possa "entender um pouco o aluno e auxiliá-lo na trajetória de ampliar o seu campo de experiências".
Nesta entrevista concedida à Educação, Fábio fala sobre como treinar esse olhar e explica um dos conceitos desenvolvidos para alcançar tal objetivo: o "enquadre", pelo qual o professor estabelece as condições favoráveis para o desenvolvimento de suas aulas. Algo que iria em contraposição à atual tendência normativa da escola.
O que define a escola significativa?
Falamos em três sentimentos básicos: o aluno tem de se sentir acolhido pela escola, ou seja, se sentir bem, feliz de estar lá e se sentir protegido, fisicamente e emocionalmente. Tem de se sentir reconhecido - que faz parte de uma comunidade de iguais, ainda que os professores saibam mais que eles - e não como uma pessoa que é vista como sendo um diferente, um estranho, ameaçador. E tem de sentir que aquele ambiente é dele. Veja como a escola está distante de tudo isso.
Vocês partiram do conceito de aprendizagem significativa?Não, pelo contrário. Repensamos o conceito de aprendizagem significativa a partir do conceito de escola significativa. Entendemos que a escola, que deveria ser um lugar de desenvolvimento, engajamento, de relações criativas, ia se tornando desinteressante e opaca, portanto, que não fazia nenhum sentido na vida do aluno.
A escola deixou de ser significativa também para o professor?
Ah, sim, há muito tempo, sobretudo para o professor da escola pública. Porque o grau de insatisfação, de tensão, em alguns casos até de medo dos alunos, e desse clima institucional - ele precisa pôr ordem, a sala precisa respeitá-lo, ele é pressionado pelos alunos, às vezes é hostilizado pelos alunos, e se também não resolve muito bem isso, a direção cobra - então, a maior parte não tem prazer em dar aula. E para esses professores, a escola não pode ser significativa, a escola é um tormento.

E isso gera um círculo vicioso.Sim, me parece ser necessário juntar esses dois polos, onde os problemas aparecem. É necessário criar um espaço em que se recuperam os vínculos internos à sala de aula, entre professor e alunos, e também entre alunos, e que isso permita servir de base para a construção de uma escola que começa a ser significativa a partir daí.
Quem dá o primeiro passo para essa reconstrução?
Eu acho que quem dá o primeiro passo é o professor. Se o diretor e o coordenador pedagógico quiserem dar o primeiro passo é melhor. Mas dá para garantir que eles vão dar o primeiro passo? Não dá.
Mas os professores, muitas vezes, trabalham em condições extremamente desfavoráveis. Qual a importância das condições estruturais para que essa transformação ocorra no dia a dia?Quase todos os professores alegam que faltam as condições para dar o primeiro passo. Isso que me preocupa. Eu também sou favorável às condições. Todo mundo está esperando essas condições, mas elas nunca chegam. Então, ao escrever o livro, pensamos naqueles professores que tenham interesse em melhorar o aprendizado, as relações internas em sala de aula, mas não sabem como. O livro não é prescritivo, mas traz algumas dicas, por exemplo: saiba o nome dos seus alunos. Só o fato de chamá-los pelo nome já cria um tipo de vínculo. Um ambiente muito tenso pode melhorar se o professor conseguir perceber minimamente o que está acontecendo em sala de aula e não vir armado para uma situação. Mas é o professor quem vai ter de desmontar isso, nessa relação entre ele e os alunos. Não tem ninguém mais lá para ajudá-lo.
No livro, vocês defendem que a escola assuma algumas responsabilidades que, geralmente, são atribuídas à família. Por que isso é importante?
A primeira coisa que percebemos é que algumas famílias não estão preparadas para lidar com todos os aspectos dos seus filhos. Quem cuida muito bem de toda a parte emocional, em geral, é a família. Mas, especialmente crianças muito carentes e de história de vida problemática, muitas vezes não têm um grande amparo na família. Então, para elas não sobra ninguém mais do que a escola. Na formação dos professores e educadores há todo um discurso valorizando a formação integral, a integração dos aspectos emocional e intelectual, valores morais, etc., mas esse discurso vale até aparecer o primeiro problema em sala de aula. E aí o professor, e eventualmente a direção, diz ''isso não é problema nosso'', e ''se a família não conseguiu resolver isso, a gente também'', e busca dados na família para ver se pode estigmatizar a criança e justificar todas as dificuldades que ela esteja apresentando, em vez de cuidar dessa criança. Se ela não consegue encontrar coisas importantes como bons vínculos, uma relação sadia com a família, com quem ela vai poder estabelecer essas relações? Com pessoas da escola.
Como lidar com a excessiva atenção ao currículo, à consequente pressão dos processos seletivos, e ao mesmo tempo ser uma escola significativa?
Acho que esse conteudismo é ruim. Se a escola tivesse um pouco mais de tranquilidade para passar bons conteúdos, e tratar um pouco esse conteúdo da forma como o aluno possa absorvê-lo, enfim, criaria campos de aprendizado onde o aluno poderia referir esse conhecimento às suas próprias vivências. É isso que estamos chamando também de escola significativa. Esse conteúdo tem de ampliar e ao mesmo tempo transformar as formas de conteúdos. Para que esse ensino seja significativo, ele também tem de revirar de forma radical a forma de a criança pensar.
Qual a diferença da teoria de aprendizagem significativa de David Ausubel e o que vocês estão chamando de ensino significativo?
O ensino significativo não é aquele conhecimento que se relaciona com o conhecido ou com conceitos já obtidos, como no caso da teoria do Ausubel. Não negamos Ausubel, mas estamos discutindo a partir de um outro ponto de vista. É lógico que o aluno tem de ter uma base. Agora, não é o que se relaciona a uma base que faz sentido. É o que faz com que ele queira estudar, mesmo que ele tenha de construir as pontes para essa base.
Há algum método para desenvolver o ensino significativo?
Não. Conforme o professor faça uma leitura da sala e perceba como ela está, ele pode manejar uma série de técnicas, atividades.Porque, na verdade, a forma de o aluno entrar em contato com o conteúdo e fazer suas sínteses se dá de maneiras diferentes. A nossa cabeça não está predestinada a funcionar de uma única maneira, por isso que vários métodos têm tido sucessos e eles disputam entre si. Às vezes a sala gosta do professor, mas está mais agitada, querendo participar mais. Então, o professor tem de fazer essa leitura e, a partir disso, escolher sua atividade.
A questão da indisciplina e da violência é uma das grandes preocupações da escola atual. Para isso, vocês propõem o conceito de ''enquadre''. Você pode exemplificar?
Sabemos que as relações na escola são muito variadas e as condições muito diversas, então chamamos de enquadre o estabelecimento de condições ótimas para o desenvolvimento daquela atividade, com aquele professor. Cada professor pode estabelecer os conjuntos dessas condições que sejam mais afeitos ao tipo de atividade que ele vai desenvolver - seja dentro da sala de aula, seja fora - e ao mesmo tempo de acordo com a personalidade dele. Por exemplo: alguns professores se dão muito bem em aulas em que a classe pode fazer um pouco de barulho, mas em que ao mesmo tempo os alunos se conectam e se desconectam, falam com o colega e voltam a atenção ao professor, e isso - para esse professor e para a sala - pode ser muito produtivo. Ao mesmo tempo ele consegue chamar a atenção de um que esteja escapando demais. Outros não, precisam de uma sala um pouco mais silenciosa. Então, achamos que é possível ter diferentes aulas muito boas. Ou diferentes aulas que funcionam, tanto para o professor, quanto para o aluno.
Quem determina esses critérios é o professor?Ele pode estabelecer esses critérios, mas têm de funcionar.
Muitas escolas têm usado acordos normativos para estabelecer suas  regras disciplinares. Qual é a relação do enquadre e o estabelecimento de limites?
A escola está com uma obsessão de criar normas a priori. Parece que é uma coisa educativa, mas, no fundo, se está criando uma certa desconfiança da escola e do professor em relação ao aluno. Porque numa situação de namoro seria absurdo discutir as regras no primeiro dia, numa relação familiar também, e numa relação de escola isso parece normal? A escola está sinalizando ''eu só consigo estabelecer um trabalho com você se a gente acertar os pontos contratualmente e eu quero saber se você não vai me trazer problemas''.Ela tira a questão afetiva, a questão empática. Eu sei que isso é feito na melhor das intenções, mas essa é uma escola que, no fundo, teme o aluno. Ao contrário da norma, o enquadre não é prévio, é processual. Ele vai modelando as condições ótimas para o professor dar aula. Depois, vale para aquela turma de alunos. E para aquele professor. Além de tudo, o enquadre varia de acordo com as atividades. E o professor chama a atenção de um aluno que se desviou, não fala para todo mundo.
A escola foi significativa em algum outro momento histórico?
Eu acho que foi. No fundo, a mesma escola é mais ou menos significativa para mais ou menos alunos. O que propomos é a escola pensar se quer ser significativa  buscando mudar a vida desse aluno e provocando o seu interesse.


Disponível em:http://hom.gerenciadordeconteudo.com.br/produtos/ESRE/textos/199/a-escola-sem-significadodoutor-em-psicanalise-e-professor-da-unesp-300973-1.asp. Acesso em 24 de abril de 2014.



COMENTÁRIO:

Essa entrevista da Revista Educação com o Doutor em psicanálise e professor de psicologia no curso de Pedagogia da Unesp de Presidente Prudente, Fábio, fala dessa escola significativa, onde o aluno possa se sentir feliz, protegido fisicamente e emocionalmente. As escolas precisam ser mais criativas, precisa fazer mais sentido tanto na vida do aluno quanto do professor, precisam da participação das famílias. Esse modelo de escola poderá ser alcançado quando todos se unirem para dar o primeiro passo rumo ao desenvolvimento em meio a esse clima hostil, de insatisfação e tensa.